quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Profissionais discutem tendências da construção civil em Recife

Seminário da PINI debate tecnologia, desempenho, sustentabilidade e superprodução nos canteiros de obras.

Por Eric Cozza

i290287[1] Cerca de 150 profissionais da indústria da construção civil estiveram presentes nesta terça-feira (23/08) ao seminário "Tecnologia, Desempenho e Sustentabilidade na Construção Civil", organizado pela PINI em Recife, no Hotel Golden Tulip Palace, na praia de Boa Viagem.

O seminário foi organizado para permitir a troca de informações e conceitos entre construtores, incorporadores e projetistas do Nordeste, que buscam alternativas e soluções tecnológicas para atender à forte demanda do crescimento regional da construção.

O evento abordou os desafios para a adequação dos projetos aos requisitos de desempenho impostos pela nova Norma de Desempenho (NBR 15575) e também aos apelos em relação à sustentabilidade nas construções, motivados pela legislação ambiental ou pelos próprios usuários e/ou contratantes de obras.

Desempenho
O pesquisador do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo), Ercio Thomaz apontou as principais tendências tecnológicas observadas na construção de edificações no Brasil nos últimos anos. Destacou a necessidade de as construtoras desenvolverem novas soluções e sistemas construtivos, mas sem menosprezar tecnologias tradicionais com bom desempenho. "Há espaço para todas as soluções. Não podemos cair na balela de acreditar que só os novos sistemas são válidos para promover a racionalização e a industrialização nas obras."

O engenheiro civil Maurício Bernardes, gerente de desenvolvimento tecnológico da Tecnisa, relatou a experiência da construtora paulista na análise, verificação e cumprimento da nova Norma de Desempenho. Ressaltou que a prática de pesquisa e desenvolvimento (P&D) não é privilégio reservado às grandes empresas. "Esse trabalho pode gerar benefícios de qualidade e desempenho para obras e, por consequência, para os clientes. O que seria um gasto acaba retornando como economia para a construtora."

Sustentabilidade
Seleção de insumos e fornecedores com critérios de sustentabilidade foi o tema desenvolvido pela engenheira civil Vera Fernandes Hachich, gerente técnica da Tesis (Tecnologia de Sistemas de Engenharia) e membro do CBCS (Conselho Brasileiro da Construção Sustentável). Ela começou a apresentação com alguns dados interessantes: a construção civil é responsável por 50% dos resíduos sólidos gerados e as edificações respondem por 45% do consumo de eletricidade no Brasil.

Vera apresentou a ferramenta, desenvolvida pelo Comitê de Materiais do CBCS, dos "Seis Passos para Seleção de Insumos e Fornecedores com Critérios de Sustentabilidade" que se baseia na verificação dos seguintes itens: formalidade da empresa fabricante e/ou fornecedora; licença ambiental da companhia; verificação das questões sociais; respeito à qualidade e normas técnicas do produto; perfil de responsabilidade socioambiental da empresa e existência de propaganda enganosa. "Essa ferramenta não esgota o assunto, mas é uma alternativa viável e acessível para todos os compradores e especificadores de materiais e fornecedores", afirmou a palestrante.

Gestão de pessoas
A programação do seminário foi encerrada com a palestra do engenheiro civil André Glogowsky, presidente do Conselho de Administração da construtora Hochtief do Brasil, que abordou os atuais gargalos de produção das obras. O executivo apresentou uma série de números positivos sobre o desempenho econômico setorial e demonstrou bastante otimismo em relação à manutenção do ciclo de crescimento da indústria da construção civil. Descartou, inclusive, altas significativas de preços de materiais e serviços, além de eventuais faltas de insumos. "A capacidade de recuperação da indústria de materiais de construção é muito boa", disse Glogowsky.

O gestor da Hochtief alertou, entretanto, para a questão da falta de mão de obra especializada, que considera o maior gargalo do setor. "O maior desafio é contratar, treinar e conseguir reter os bons profissionais." Para isso, segundo Glogowsky, boa remuneração não basta. E citou programas de qualidade de vida, formação continuada, atividades esportivas e culturais e até viagens para o Exterior. "As pessoas gostam de trabalhar onde se sentem bem e valorizadas, não apenas do ponto de vista salarial", concluiu.

Fonte: www.piniweb.com.br

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