sexta-feira, 15 de maio de 2015

As três evoluções da fachada-cortina no Brasil


Poucos sabem sobre a evolução da fachada-cortina no Brasil nas últimas décadas. A primeira construção mundial de uma fachada-cortina (curtain-wall) e também a primeira vez na qual se utilizou, em grande escala, o brise-soleil (quebrasol) foi aqui no Brasil, em 1936 — no edifício que hoje abriga o Ministério da Educação e Cultura (MEC), no centro do Rio de Janeiro (RJ), localizado na rua da Imprensa, nº16. O projeto foi um marco para a arquitetura moderna brasileira e contou com a supervisão do arquiteto Lúcio Costa, do então estagiário Oscar Niemeyer, além da consultoria do renomado arquiteto franco-suíço Le Corbusier.

Ainda que o “pontapé” inicial para se construir grandes arranha-céus com fachadas envidraçadas pelo mundo tenha iniciado aqui, a evolução da fachada-cortina no Brasil não acompanhou a de países desenvolvidos, como os Estados Unidos, e países europeus como Inglaterra e Alemanha. O Brasil demorou muito para chegar no estágio em que nos encontramos hoje.

Processo evolutivo — Para melhor entender como tudo aconteceu, destaco a seguir as três evoluções da fachada-cortina no Brasil — que começaram efetivamente nos anos 1970, chegando no início do século 21 à introdução do sistema unitizado. Um fato importante na história da fachada-cortina é que até os anos 1960 era comum as construções adotarem uma “alma” de aço nas colunas de alumínio, pois ainda não era do conhecimento de muitos construtores a alta resistência mecânica do alumínio. Mas, a partir do início dos anos 1970, o aço foi eliminado de vez da fachada-cortina e a coluna de alumínio passou a fazer sua função estrutural.

1. Em 1977 aconteceu a primeira utilização de uma fachada pele de vidro no Brasil no edifício Centro Cândido Mendes, na rua da Assembléia, 10, região central do Rio. Esse tipo de fachada “pele de vidro” tem os vidros encaixilhados com perfi s de alumínio. Naquela época, os quadros recebiam as travessas e eram presos às colunas por meio de ganchos. O vidro tinha a cor preta ou bronze e a anodização era feita pelo sistema Anolok (coloração eletrolítica da camada de anodização com sais de cobalto).

2. Em 1986, o conceito pele de vidro passou por uma importante evolução. A partir deste momento a fachada-cortina se transformou em um grande pano de vidro, sem perfi l de alumínio marcando a fachada pelo lado externo. Predominariam os vidros de tonalidade azul. Esse tipo de fachada é chamado de structural glazing ou envidraçamento estrutural, devido aos vidros colados nos quadros. A referência desse conceito é o edifício Citicorp/Citibank, inaugurado naquele mesmo ano na Avenida Paulista, em São Paulo (SP). Daí em diante a fachadacortina se destacaria na arquitetura brasileira, principalmente nos edifícios comerciais.

3. Em 2002, para dar maior velocidade à obra do edifício BankBoston, na Marginal Pinheiros, em São Paulo, utilizou-se pela primeira vez no País o sistema de fachada unitized (também conhecido como sistema unitizado). Aceito em todo o mundo, esse sistema conta com tecnologia considerada a mais moderna para fachadas-cortina. Não necessita de colunas e travessas, pois os próprios perfi s dos quadros já fazem essa função. A instalação dos módulos prontos é executada pelo lado interno da fachada com o auxílio de miniguindastes.

Por Alexandre Araujo - Professor Universitário. Consultor e Instrutor do Sebrae. Autor de dois livros. Mestrando em Sistemas de Gestão pela Qualidade Total, com ênfase em Estratégia e Competitividade (UFF). Certificado na Espanha em Esquadrias com Sistema de Câmara Européia. Forte atuação como professor e consultor de esquadrias de alumínio, fachadas cortina e revestimento em ACM.
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2 comentários:

  1. Ótima matéria, muito bom lembrar dos grandes e inesquecíveis mestres: Lúcio Costa, Oscar Niemeyer e Le Corbusier. Parabéns professor.

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